terça-feira, 29 de novembro de 2011

Resenha do filme meu nome não é Johnny


Uma coisa que me animou muito nesse trabalho foi a abordagem da relação do ser humano com as drogas: de uma maneira muito franca, sincera, sem tabu, sem estigma — e sem moral da história. Nós estamos falando de uma pessoa que movimentava uma quantidade enorme de drogas. Que receptava cargas de mais de quinze quilos de cocaína sozinha. Era um esquema muito grande. E o livro fala também de pessoas consumindo cocaína, maconha e LSD. Mas ele não diz que essas pessoas estão erradas ou certas. Ele é útil para falar do seguinte: usa-se drogas desde a Antigüidade, em várias faixas etárias e em culturas diversas, e vai-se usar drogas, provavelmente, durante muito tempo. Acho que ele é muito honesto ao falar um pouco do que é a convivência com as drogas, sem tabus. Não estamos aqui tentando fazer um projeto de lei nem um editorial. Acho que o livro talvez tenha o mérito de mostrar o seguinte: o uso de drogas é mortal para umas pessoas, significa perdição para outras pessoas, prejuízos enormes, e também significa apenas diversão para algumas. Estamos falando de uma geração carioca que buscou liberdade a qualquer preço, e dentro dessa busca de liberdade havia droga no meio. A droga fez parte da busca de liberdade e do prazer. O livro não faz apologia dessas drogas. E não condena. Não me preocupei se estaria ajudando as pessoas a se afastarem do vício, ou se estaria motivando pessoas a se drogarem. As pessoas vão continuar sendo auto-determinadas. E têm direito a lidar de maneira franca com um assunto em que há sempre alguém dizendo a elas o que devem ou não devem fazer.

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